Calendário Juliano História Júlio César Roma 【Calendários】

O calendário juliano foi implantado por Júlio césar na antiga Roma. O calendário juliano tem esse nome porque foi implantado a partir da iniciativa do ditador romano Júlio César, no ano 46 a.C., substituindo o antigo calendário romano. O calendário recebeu uma primeira modificação no ano 8 d.C., por iniciativa do imperador Augusto. Outras viriam depois.

Calendário juliano: o contexto histórico

Alguém ainda usa o calendário juliano? E ele não é praticamente idêntico ao calendário gregoriano? Quais são as diferenças?

De fato, os calendários juliano e gregoriano são parecidíssimos, mas há uma sutil diferença, conforme veremos no artigo a seguir.

Imagem do calendário Juliano
Meses do calendário Juliano

Finalmente, com as alterações propostas pelo Papa Gregório XIII, no ano de 1582, nasceu o calendário gregoriano, até hoje utilizado por boa parte da humanidade.

Entretanto, não houve unanimidade em torno das reformas de Gregório e, em algumas regiões, foi mantido o calendário juliano, conforme proposto por Augusto.

Atualmente, o calendário juliano continua a ser oficialmente utilizado entre cristãos ortodoxos, nos diversos países em que eles estão presentes.

O calendário romano

O calendário juliano surgiu para substituir o antigo calendário romano.

Conforme citado, o calendário juliano surgiu para substituir o antigo calendário romano.

Imagem do calendário Romano
Meses do calendário romano

Por sua vez, o calendário romano teria surgido por iniciativa do próprio Rômulo, tido como fundador e primeiro governante de Roma, no ano 753 a.C.

O calendário romano era composto por 10 meses, totalizando 304 dias.

Uma reforma promovida por Numa Pompílio transformou-o em um calendário lunissolar de 355 dias, divididos em 12 meses.

Para procurar manter um alinhamento com o ano solar, criou-se um 13º mês, que passaria a existir em anos alternados. Esse mês adicional poderia ainda ter 22 ou 23 dias.

Dessa forma, formaram-se ciclos de 4 anos, sendo que:

  • O primeiro ano tinha 355 dias de duração;
  • O segundo tinha 377;
  • O terceiro, novamente 355;
  • E o quarto, tinha 378 dias.

Ainda assim, surgiam, com o tempo, defasagens em relação ao ano solar e ajustes eram realizados de maneira forçosa.

O calendário juliano

O novo calendário juliano preveu ajustes no antigo calendário romano e gerou bastante confusão.

Na época da transição entre a República e o Império, o governante Júlio César constatou que as comemorações do ano novo romano, que deveriam corresponder ao fim do inverno e à chegada da estação das flores, estavam ocorrendo em pleno inverno.

Assim, no ano 46 a.C., Júlio César ordenou ao astrônomo Sosígenes que fizesse um estudo para corrigir o calendário.

Desse estudo surgiu um calendário bem diferente do anterior. Por exemplo:

  • Foram definidos dois meses adicionais (unodecembris e duodecembris) para prolongar o ano 46 a.C. e assim corrigir a defasagem acumulada;
  • Com isso, os meses de Januarius e Februarius passaram para o início do ano 45 a.C.;
  • Os meses passaram a formar sequências alternadas de 30 ou 31 dias, com exceção de Februarius, que teria 29 dias mas de três em três anos teria 30 dias.

Em 44 a.C., ano da morte de Júlio César, o Senado prestou-lhe homenagens, mudando o nome do mês Quintilis, um mês de 31 dias, para Julius.

O ano bissexto juliano

Criou-se assim um calendário solar de doze meses e 365 ou 366 dias, abolindo o 13º mês, que existia em função da orientação lunissolar do calendário romano. Em seu lugar, passou a existir um ano bissexto a cada três anos.

Ainda assim, esse calendário continuou a apresentar uma pequena defasagem em relação ao ano solar. Por isso, no ano 8 d.C., o imperador Augusto promoveu alguns ajustes, entre eles o da ocorrência do ano bissexto a cada quatro anos e não mais a cada três anos.

O ano bissexto instituído por Augusto é quase o mesmo que adotamos atualmente, a não ser por uma diferença:

  • No calendário de Augusto, isto é, no calendário juliano, os anos bissextos ocorrem a cada quatro anos, sem exceção;
  • No calendário atual, ou seja, no calendário gregoriano, o ano bissexto ocorre a cada quatro anos, exceto nos anos que sejam múltiplos de 100 mas não múltiplos de 400.

Com mais datas adicionais, o calendário juliano vai, com o tempo, se atrasando em relação ao calendário gregoriano.

Ano da confusão: a transição para o calendário juliano

Conforme citado, no ano 46 a.C., para corrigir, de uma única vez, toda a defasagem que o calendário romano apresentava em relação ao ano solar, foram criados dois meses adicionais.

Além disso, de acordo com a regra, aquele deveria ser também um ano de 13 meses. Assim, o ano 46 a.C. teve ao todo 445 dias de duração.

Como se isso não bastasse, os meses de Januarius e Februarius, que até então eram os dois últimos do ano, passaram a ser os dois primeiros do ano seguinte.

Por tudo isso, o ano 46 a.C. ficou conhecido como o “Ano da confusão”.

A homenagem a Augusto

O imperador Augusto é pouco lembrado pela reforma que promoveu no calendário quando, no ano 8 d,C., corrigiu a forma de incluir anos bissextos.

De toda forma, o Senado de Roma decidiu homenagear Augusto, da mesma forma que havia feito com Júlio César.

Afinal, após cinco séculos de República e alguns anos de transição, Augusto era o primeiro imperador de Roma.

Para a homenagem a Augusto, o Senado mudou o nome do mês Sextilis para Augustus.

Porém, Sextilis era um mês de 30 dias e, para que o mês dedicado a Augusto tivesse os mesmos 31 dias do mês dedicado a Júlio César, o Senado fez então outras mudanças no calendário:

Februarius que já era o único mês do ano com 29 dias, passou a ter 28;

Augustus, o antigo Sextilis, passou a ter 31 dias;

O nono e o décimo primeiro meses, que tinham 31 dias, passaram a ter 30;

O décimo e o décimo segundo meses, que tinham 30 dias, passaram a ter 31;

Essas duas últimas alterações foram promovidas apenas com o intuito de manter uma intercalação, ainda que parcial, entre meses de 30 e de 31 dias, ou seja:

Antes, todos os meses ímpares eram de 31 dias e todos os meses pares de 30 dias, com exceção de Februarius, que normalmente tinha 29;

Com as alterações do Senado, a intercalação existe de Januarius até Julius e é quebrada pelo mês de Augustus, que inicia uma nova sequência de intercalação até o fim do ano;

Entre o último mês de um ano e o primeiro mês do ano seguinte, a intercalação também fica quebrada.

Por herança, os meses dedicados a homenagear Júlio César e Augusto estão presentes no nosso atual calendário: são os meses de julho e agosto.

A chegada do calendário gregoriano

O calendário juliano ficou vigente por muitos anos mas foi substituído pelo calendário gregoriano.

O calendário juliano, com todas as suas reformas, seguiu vigente por alguns séculos, atravessando a Idade Média e mantendo-se além do primeiro século do período que convencionamos chamar de Idade Moderna.

Entretanto, também devido à sua imprecisão em relação ao ano solar, o calendário foi alvo de nova proposta de reforma.

Se na transição do calendário romano para o juliano houve a necessidade de criar meses extras para sincronizar as datas, agora a necessidade era inversa.

Assim, ao instituir as alterações no dia 4 de outubro de 1582, uma quinta-feira, o Papa Gregório XIII literalmente “pulou” 10 dias do calendário, o que fez com que o dia seguinte, uma sexta-feira, fosse o dia 15 de outubro.

Além dos 10 dias eliminados, essa reforma também alterou a regra para o cálculo dos anos bissextos, conforme já destacado.

Conclusão

Como houve resistências à reforma proposta em 1582, o mundo passou a conviver com dois calendários muito parecidos entre si.

Assim, o calendário proposto em 1582 passou a ser chamado de gregoriano, em oposição ao calendário juliano.

Rigorosamente, a única diferença existente entre os dois calendários é o modo de calcular anos bissextos.

Mesmo os 10 dias que o Papa Gregório XIII eliminou em 1582, são resultantes da diferença de critério desse cálculo.

Tanto assim que aquela diferença de 10 dias estabelecida em 1582 atualmente é de 13 dias e aumenta à razão de 3 dias a cada 400 anos.

O próximo incremento na defasagem ocorrerá no ano 2100, que será bissexto apenas para o calendário juliano.

Teremos então o calendário juliano 14 dias atrás do gregoriano. Interessante isso, não?

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