Calendário Islâmico história Origem anos meses 【calendários】

Conhecer o calendário islâmico implica em mergulhar na cultura e na espiritualidade da grande comunidade muçulmana, que representa a segunda maior religião do planeta. Para nós, habituados à cultura ocidental, representa também uma descoberta. A cultura ocidental é tida como herdeira da matriz judaico-cristã. Curiosamente, judaísmo, cristianismo e islamismo surgiram de um tronco comum. É curioso que tenham se tornado tão diferentes entre si. Neste artigo, conheceremos um pouco mais sobre a história e a estrutura do calendário islâmico, uma importantíssima “instituição” do mundo muçulmano.

A origem do calendário islâmico

O calendário islâmico foi adotado durante o califado de Omar, sucessor do profeta Mohammad (Maomé).

Tal fato teria ocorrido no ano 638 do calendário juliano.

O calendário islâmico nasceu da necessidade de padronizar os diferentes sistemas de datas que existiam na época.

O novo calendário definiu como marco para o início da contagem do tempo o ano da Hégira.

A Hégira, isto é, a migração do profeta Mohammad da Meca para Medina, é o fato histórico que simboliza o nascimento do islamismo como religião.

Para a nossa referência, a Hégira se dá no ano 622 do calendário juliano.

Por isso, o calendário islâmico também é chamado de calendário hegírico, e é comum encontrarmos suas datas identificadas com a sigla H ou AH (Anno Hegirae).

Trata-se de um calendário lunar, isto é, um calendário cujas referências de tempo baseiam-se nas fases da lua.

Antes da adoção do calendário islâmico, havia entre os povos da região o uso de calendários lunares intercalados a outros de natureza solar, por influência indireta da cultura grega.

Já com o calendário islâmico implantado, houve alguma resistência à sua adoção na região da antiga Pérsia, visto que os povos locais tinham seu próprio calendário.

Mas, em sua imensa maioria, os muçulmanos foram e continuam a ser fiéis à observância do calendário islâmico, principalmente no que diz respeito às práticas religiosas.

O ano no calendário islâmico

O ano islâmico é formado por doze meses de 29 ou 30 dias cada, perfazendo um total de 354 ou 355 dias no ano.

Os 29 ou 30 dias de cada mês correspondem exatamente a um ciclo completo das fases da lua.

A cada intervalo de 30 anos lunares, há uma alternância entre 19 anos de 354 dias e 11 anos de 355 dias, distribuídos em sequências predefinidas.

Assim, têm 355 dias os seguintes anos dentro do ciclo: o 2º, o 5º, o 7º, o 10º, o 13º, o 16º, o 18º, o 21º, o 24º, o 26º e o 29º anos.

Os demais anos dentro do ciclo têm 354 dias de duração cada.

Portanto, o ano lunar islâmico tem 10, 11 ou até 12 dias a menos que o ano solar gregoriano.

O calendário islâmico é puramente lunar, por isso não tem a preocupação de estabelecer um sincronismo com o ano solar.

Em consequência, as datas do calendário islâmico se deslocam por diferentes estações climáticas ao longo dos anos.

A correspondência entre o ano lunar islâmico e o ano solar gregoriano

Como o ano lunar islâmico tem 354 ou 355 dias de duração e o ano solar gregoriano tem 365 ou 366 dias, não há uma forma direta e óbvia para converter uma data de um calendário para o outro.

Assim, para converter, de forma aproximada, um determinado ano do calendário gregoriano para o ano correspondente no calendário islâmico, é necessário realizar um cálculo. Por exemplo:

Se quisermos saber qual é o ano do calendário islâmico que corresponde ao ano de 2018 do calendário gregoriano, precisamos:

Primeiro, subtrair 622 do ano gregoriano, isto é, 2018 – 622 = 1396;

Em seguida, multiplicar o resultado obtido por 1,031; assim, 1396 x 1,031 = 1439,276.

O fator 1,031 corresponde à proporção entre 365 e 354 dias.

Portanto, o ano de 2018 do calendário gregoriano corresponde, de forma aproximada, ao ano de 1439 do calendário islâmico.

Apenas para confirmar que esse cálculo é aproximado, basta nos atentarmos para o fato de que o ano islâmico de 1439 encerra-se em 11 de setembro de 2018.

Do dia 12 de setembro de 2018 ao dia 31 de agosto de 2019, estaremos no ano islâmico de 1440.

Mas porque esse cálculo é apenas aproximado e não exato?

A resposta está no fato de que, além das diferenças de 10, 11 ou 12 dias entre o ano gregoriano e o ano islâmico, existe ainda a falta de sincronismo entre as datas de ambos os calendários.

Por exemplo, quando dizemos que o calendário islâmico inicia sua contagem de tempo no ano 622 do calendário juliano (o gregoriano ainda não existia nessa época), não quer dizer que o primeiro dia do primeiro ano islâmico corresponda a 1º de janeiro de 622, como de fato não corresponde.

Além disso, é preciso considerar com exatidão os anos bissextos e a reforma gregoriana, que suprimiu 10 dias do ano de 1582 em relação ao calendário juliano.

Os meses no calendário islâmico

Cada mês do calendário islâmico se inicia um ou dois dias após a lua nova, quando a primeira visão da lua crescente se faz presente nos céus após o pôr do sol.

Há tempos existem métodos precisos para se determinar as datas de ocorrência da lua nova.

Entretanto, por tradição e por determinação expressa no Alcorão, o livro sagrado do islamismo, o início do mês só deve ser decretado quando duas testemunhas idôneas comunicarem às autoridades locais que avistaram, a olho nu, a primeira aparição da lua crescente no céu.

Essa tradição faz com que, muitas vezes, uma região inicie o novo mês antes ou depois de outras.

Os doze meses do calendário islâmico são conhecidos pelos seguintes nomes:

  • Muharram.
  • Safar.
  • Rabi al-Awwal.
  • Raby al-THaany.
  • Jumaada al-Awal.
  • Jumaada al-THaany.
  • Rajab.
  • Sha’aban.
  • Ramadan.
  • Shawwal.
  • Dhu al-Qidah.
  • Dhu al-Hija.

Os meses ímpares têm 30 dias, enquanto os meses pares têm 29 dias. Nos anos de 355 dias, o décimo segundo mês também tem 30 dias.

Datas importantes do calendário islâmico

Rigorosamente, há apenas dois feriados no calendário islâmico (as duas últimas datas da lista abaixo). As demais datas marcam eventos importantes, mas sem status de feriado.

1º de Muharram: corresponde ao ano novo islâmico, embora não haja nenhuma festividade relativa a ela.

10 de Muharram: Dia do martírio de Hussein Talib, neto do profeta. Data lembrada entre os muçulmanos xiitas.

12 de Rabi al-Awwal: Dia do nascimento do profeta Mohammad. Não há festejos.

27 de Rajab: data que marca a viagem do profeta Mohammad a Jerusalém, acompanhado do Arcanjo Gabriel. Nessa viagem, ocorrida um ano antes da Hégira, Mohammad ascendeu ao céu e lá dialogou com os profetas anteriores a ele e com Deus. Não há festejos nessa data.

1º de Ramadan: Início do jejum, que vigora durante todo o mês. Nesse período, os muçulmanos fazem um jejum completo desde o amanhecer até o anoitecer.

Essa prática está relacionada à revelação do Alcorão ao profeta Mohammad.

O Ramadan também é chamado de mês da vitória, pois fatos importantes na história do islamismo ocorreram nesse mês.

27 de Ramadan: Dia em que o Alcorão foi revelado ao profeta Mohammad. Não há festejos.

1º de SHawwal: Eid ul-Fitr, é a festa que marca o fim do jejum de Ramadan.

10 de Dhu al-Hija: Eid ul-Adha, é a principal confraternização dos muçulmanos, que nesse dia lembram o sacrifício do profeta Ibrahim (que corresponde a Abraão, personagem comum ao judaísmo, ao cristianismo e ao islamismo).

Os dez dias que antecedem esse grande festejo são dedicados à peregrinação à Meca, uma obrigação que todo muçulmano deve cumprir, ao menos uma vez em sua vida.

O uso do calendário islâmico na prática

O Alcorão cita de forma direta o uso do calendário islâmico como um dever que todo fiel deve respeitar.

Assim, a comunidade muçulmana de uma forma geral adota o calendário, sobretudo para orientar-se em termos de prática religiosa.

Entretanto, em vários países, os muçulmanos convivem com algum outro calendário, notadamente o gregoriano, separando claramente a finalidade de um e de outro.

O Marrocos é um caso de país muçulmano em que predomina o calendário gregoriano, exceto na questão das tradições religiosas.

Assim, os marroquinos fazem sua semana de trabalho de sgunda a sexta, descansando no sábado e no domingo.

Em países muçulmanos mais tradicionalistas, o dia de descanso é a sexta-feira (sexata e sábado em alguns casos, quinta e sexta em outros).

Conclusão

Calendários são, em maior ou menor grau, representações da cultura de quem os adota.

Conforme vimos, o calendário islâmico tem sua história e sua utilização totalmente ligadas à própria história e prática da religião. É sem dúvida uma representação fiel e autêntica dos valores dessa importante comunidade no mundo.

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